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Desafios da Indústria Têxtil

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São vários os desafios que o setor do têxtil e do vestuário enfrenta a nível global. São eles: a economia circular; os novos hábitos do consumidor, o processo e produto digital, a integração da cadeia de fornecimento e o trabalhador do futuro.

  • Economia circular – Os conceitos de economia circular e sustentabilidade estão presentes nas agendas políticas e estratégias de governos, marcas e ONG.

Estes definem comportamentos de consumo, design de produto, técnicas de fabrico e distribuição, entre outras dimensões da vida social e económica. O ciclo de vida de um produto inicia-se na extração de recursos naturais que são transformados nas fases produtivas em produto final que passa pela distribuição e por fim, a entrega ao cliente.

Propõe-se então na introdução do modelo circular, prolongar a vida útil do produto, com recurso a fontes de energia renováveis e processos de produção amigos do ambiente.

  • Novos hábitos do consumidor – O consumidor é o início e o fim de todo o ciclo da cadeia de valor. Qualquer desvio dessa mesma cadeia relativamente às necessidades e às expetativas do consumidor vai-se refletir nas operações, reduzindo as receitas e aumentando os custos.

Este foco no consumidor final é determinante para que todos os atores da cadeia de valor possam reagir rapidamente às mudanças nos padrões de consumo e a novas oportunidades para assumir uma postura ativa necessária para explorara novos cenários de interação com o consumidor.

Um dos movimentos mais importantes é a personalização do produto, ou seja, a possibilidade de adaptar o produto aos gostos e necessidades de cada consumidor, permitindo que este conceba o produto que deseja. Este movimento de personalização exige um investimento fortíssimo na “consumer experience” aliado às tecnologias digitais, uma vez que o consumidor é cada vez mais digital.

Este caminho na direção da hiperpersonalização coloca o consumidor no centro de toda a cadeia e puxa toda a cadeia a estar próxima do consumidor. Só assim se consegue proporcionar uma experiência ao consumidor com mais valor, o que exige mais flexibilidade do lado da indústria.

  • Processo e produto digital – Isto tem sido o foco da I4.0, em primeiro lugar, o processo, para depois também o produto assumir preponderância. A “internet das coisas” surgiu como a primeira frente da Indústria 4.0. A colocação de sensores em equipamento industrial, em objetos quotidianos ou mesmo em produtos a serem utilizados por clientes e a recolha em tempo real de dados vindos desses sensores revelaram a sua mais-valia, com vários exemplos de aplicações e use-cases inovadores, como o aparecimento da manutenção preditiva ou modelos de negócio baseados em “pay-per-use”.

Neste momento é que se compreende que a I4.0 não é só tecnologia, é também o elemento humano, pois este é que poderá valorizar a informação.

Assim, o “digital twin” é exemplo da progressiva digitalização dos processos, consiste em construir uma imagem digital das operações de manufaturas instaladas. Cada equipamento tem uma representação digital e o estado real do equipamento é o mesmo estado da sua cópia digital. É então possível produzir uma cópia, que abrange, equipamentos, veículos ou outros objetos, e com esses dados não só abastecer o agente humano com informação valiosa e de forma atempada, como permite também colocar ao serviço das empresas, plataformas de análise de dados (data analytics e algoritmos de machine learning). O conceito de internet das coisas tem aqui um papel muito importante.

Estas práticas configuram, no seu conjunto, a gestão do ciclo de vida de um produto (product life management- PLM). O elemento central de uma abordagem PLM é o dossier digital do produto que consiste em ter toda a informação do produto em formato digital e acessível aos diferentes atores e nos contextos adequados. Este inclui: características materiais do produto, dimensões, processo de fabrico, critérios de qualidade, desenhos técnicos, entre outros.

Assim este permite um conjunto de operações relevantes para o melhor desempenho das operações e como suporte a novas formas de trabalho e modelos de negócio:

  • O processo de conceção e design pode ser realizado sem recurso a amostras;
  • Permite simulação, do produto e da produção;
  • Prova virtual do produto;
  • Permite que se ofereça um made-to-measure de forma viável.
  • Integração da cadeia de abastecimento – Com os movimentos de deslocalização da produção industrial para geografias mais favoráveis em termos de custos de produção, nomeadamente custos de recursos humanos, hoje a tendência é a de re-shoring e localizado em clusters regionais, nos quais estão presentes quase todos os elementos da cadeia de valor. O retorno gradual da atividade industrial para mais próximo das regiões onde está o consumo, nomeadamente na Europa.

A nova industria europeia terá que adotar os princípios de sustentabilidade, ao mesmo tempo que terá que ser uma industria ancorada no digital.

Esta dinâmica vai crescer em torno da personalização e do enriquecimento da experiência do consumidor. É importante então adquirir uma flexibilidade para responder positivamente aos desafios impostos pela transformação digital.

  • O Trabalhador do Futuro – Existe um problema global de falta de recursos humanos para as necessidades atuais e futuras da industria. São necessários trabalhadores com outro tipo de skills tecnológicas. Por isso é importante investir na formação dos funcionários de cada empresa e abordar temas como upskilling e reskilling. A industria têxtil tem de oferecer ambientes que permitam o crescimento, a experimentação, o risco, a inovação, a partilha de informação e o acesso às tecnologias. Estas tecnologias digitais são ferramentas que vão contribuir para a atratividade da indústria e para a retenção de quadros.

A transformação digital não é um destino, é sim um processo contínuo que mistura pessoas, tecnologias digitais e processos, para proporcionar valor acrescido às partes interessadas, sejam estes os clientes, os colaboradores ou os acionistas. Sendo um processo contínuo, este necessita de um plano ou roadmap e o respetivo plano financeiro.